Esta história do Angélico Vieira deixa-me incrédula, desconfiada. Não consigo acreditar na morte, não suporto a ideia de que tudo acaba de um segundo para o outro.
Tal como ainda não consegui aceitar que perdi o meu avô. Já fez um ano, em Maio, e dói tanto como o ano passado, como no mês passado ou até mesmo como ontem. Sinto que ele foi fazer uma viagem longa e que a qualquer momento vai entrar pela porta para me abraçar. Sinto que vou ter oportunidade de me redimir e pedir desculpa.
Mas não vou. Tudo o que pensei dizer ou fazer não vai passar disso mesmo, de um pensamento.
Neste ano muita coisa mudou. Eu mudei de escola, gostei e conheci pessoas espetaculares. Aproximei-me dos que já conhecia antes e fortaleci amizades. Convivi com mudanças entre os meus pais e tentei ajudar nos problemas que a minha família teve.
Deixei o desporto porque me voltei a magoar e já tentei fazer dieta umas vinte vezes, talvez isto não tenha mudado assim tanto.
Tentei superar o ódio que tenho a cemitérios, mas não consegui. Só lá fui três vezes num ano e mesmo assim não me aproximo muito da campa. É um nó no estômago que nem todos conseguem explicar.
Eras o pilar desta família, conseguias manter toda a gente em equilíbrio e não nos deixavas descambar. Davas sempre a mão quando um de nós precisava. Tinhas um feitio peculiar, mas isso é de família, as tuas netas são a tua cara.
Sinto muito orgulho em ti e vou sentir, sempre. Grande parte do que sou hoje é graças a ti.